segunda-feira, 14 de junho de 2010

Painted Black - Cold Comfort (2010)

Por essa blogoesfera fora, questiona-se, ultimamente, qual será o país com mais amantes de Doom. Na nossa humilde visão, parece-nos uma pergunta tola e totalmente descabida. Não faria mais sentido indagarmo-nos sobre qual o pedaço de terra que melhor o transmite, e discutir características intrínsecas e extrínsecas para tal? Assim, à primeira vista, parece-nos que o nosso "jardim da Europa à beira-mar plantado" não nos parece em má posição.
E, a par de outros colectivos, estes Painted Black serão uma das vozes da desilusão, da tristeza, dor, melancolia e comiseração que mais se têm destacado nestes últimos anos. e que contribuem para o destaque que o Doom Metal português merece, não só cá pelo burgo mas, igualmente, extra-fronteiras. Com dois trabalhos sob o formato demo, de 2005 e 2007, onde as linhas mestras se estabeleceram e criaram raízes, ei-los que chegam à Primavera de 2010 e apresentam-nos oito motivos para desejarmos que o Outono regresse depressa. De facto, "Cold Comfort" suplanta em muito o trabalho anterior, onde os temas já se apresentavam bem estruturados, com composições refinadas e abordagens líricas em fase de amadurecimento. Para este registo, a fasquia foi colocada bem alta e o resultado está bem longe de desanimar. Por aqui, não se encontram temas menos conseguidos ou só para encher, e desde os primeiros segundos de "Via Dolorosa" (nove minutos soberbos de peso e melodia, em dose qb) até ao esvair de "Inevitability", passando por "Absent Heart" (com um refrão invejável) ou "The Rain In July (Out Of Season)" (épica e demolidora), que somos cúmplices e testemunhas de um mar de emoções negras e de um destino traçado e pouco complacente.
Num estilo em que se torna difícil ser, realmente, original ou refrescante, e até onde alguns dos seus maiores criadores se encontram no meio de encruzilhadas criativas, os Painted Black oferecem-nos algo que simplesmente nos faz continuar a crer que o Doom/Death Metal está bem vivo e recomenda-se.
E, em jeito de ousadia, se estes temas chegarem aos ouvidos de Aaron Stainthorpe, de certeza que não deixaria de esboçar um sorriso, pelo seu legado frutificante bem espelhado na qualidade da dádiva. (17/20)

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